Aliás, a cada dia que passa fica mais difícil entender a arte de ser político no Brasil, porque não consigo vislumbrar até que ponto uma pessoa consegue se prostituir para obter uma vantagem política, sem se importar com o que foi, com as posições adotadas ou frases ditas durante sua história parlamentar. É o que vem acontecendo com Lula, justamente ele, o bom moço, o bom samaritano, o defensor dos pobres, o que vinha para salvar porque dotado de poderes morais e éticos quase divinos.
É claro que ele vai dizer, independentemente de qualquer princípio, que este é o único meio de fazer política e resolver os problemas do povo. E o povo, claro, babando na gravata, para ele vai se abaixar mais uma vez até que o rabo apareça. Tudo bem! É problema do povo, que já dizia vovó Cândida, sempre "tem o governo que merece".
A união de Lula e Maluf, hipótese nunca antes imaginada "na história desse país", mostrada em imagens constrangedoras por toda a mídia, é um daqueles fatos que nos faz desacreditar nos homens, na moral, na ética ou em qualquer outra coisa do gênero. Ela mostra, ao menos para os que querem enxergar a realidade política do Brasil, até onde alguém pode se prostituir, vender suas ideias, seu passado, atropelando o próprio brio, suas convicções, certezas, ideais e posturas adotadas em sua caminhada política.
Leia as frases abaixo e deixe o seu comentário:
"Quando nos opusemos ao colégio eleitoral, em 1984, acusaram o PT de estar apoiando a candidatura de Paulo Maluf à Presidência da República" (Lula, em 26 de julho de 1988, na "Gazeta Mercantil")
"O símbolo da pouca-vergonha nacional está dizendo que quer ser presidente. Daremos a nossa própria vida para impedir que Paulo Maluf seja presidente" (Lula, presidente do PT, ao jornal "Folha de S. Paulo", em 28 de junho de 1994)
"O Maluf é que deveria estar atrás das grades e condenado à prisão perpétua por causa da roubalheira na prefeitura" (Lula, então presidente de honra do PT, sobre Maluf, em 24 de julho de 2000, durante campanha por Marta Suplicy)
"Estou feliz. Afinal, não estamos em campanha. Enquanto isso, alguns desocupados, como é o caso de Lula, andando pelo Brasil com emprego dado pelo PT, ganham o dinheiro dos trabalhadores" (Paulo Maluf, em 18 agosto de 1993, em entrevista ao "Jornal da Tarde")
Quero evitar que o PT tenha aqui base para alavancar a eleição do Lula em 2002. Foi o que eu disse para um amigo, na sua empresa de mil funcionários: 'Você colocaria o Lula como diretor de recursos humanos?" Ele respondeu que não, e eu disse: "Peraí. Não serve para ser diretor da sua empresa e serve para ser presidente da República?" (Maluf sobre Lula, em 27 de outubro de 2000, na "Folha de S. Paulo", quando candidato à Prefeitura de São Paulo)
"(Lula) foi o presidente que ajudou as empresas, ajudou a gerar empregos, ajudou os pobres e se os bancos brasileiros estão em situação melhor do que os bancos europeus e norte-americanos é graças à clarividência do presidente Lula, que pode se inscrever entre os melhores presidentes da República que o Brasil teve" (Paulo Maluf, após encontro com Lula e Haddad, em 18 de junho de 2012)
"O movimento malufista insiste em sobreviver, mas tudo indica que desta vez está definitivamente morto, porque o povo de São Paulo não aguenta mais, não tolera mais, não suporta mais ver seus interesses e a qualidade de sua vida submetidos a um governo incompetente, despreparado e corrupto" (Luiza Erundina sobre Maluf, em 15 de março de 2000, em discurso na Câmara dos Deputados)
"Ele já deve ter lido minhas entrevistas. Lula deve ter percebido o fora que deu (ao fazer fotos com Maluf)" (Luiza Erundina, deputada federal pelo PSB, em entrevista nesta quarta-feira (20/06)
"Maluf teve responsabilidade, ajudando a ditadura militar a esconder seus crimes. Conviver com essa pessoa não dá. Muito menos fazer política com ele" (Luiza Erundina, deputada federal pelo PSB, em entrevista nesta quarta-feira (20/06)
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